1. |
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Jogado a margem
Condenado a distância
Acorda cedo - Dorme tarde
Viver sem repouso
Se moradia é privilégio
Ocupar é direito
Derrubar as grades
Ocupar - Produzir
Terra, teto e abrigo
Direito universal
Ocupar a cidade
Vencer a gentrificação
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2. |
Servidão voluntária
03:00
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Servidão voluntária
Entregue tudo
De forma espontânea
O sistema sabe
Do que você precisa
Ser programado
A consumir
Trabalhe, ganhe
Compre, gaste
Veneno da mente
Falsa necessidade
Sirva
Ao algoritmo
Feliz
Na coleira
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3. |
Frágil e Tóxico
02:12
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O que você teme?
Qual é o seu lugar?
Qual postura é a sua?
O que te faz um homem?
O feminino te assusta?
Ou descobrir seus desejos?
Você não pode chorar?
Você não pode falhar?
Tóxico e frágil
Frágil e tóxico
Repensar sua condição
Redefinir as relações
Violência é fraqueza
Brutalidade é insegurança
Insegurança é fraqueza
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4. |
Vírus
03:02
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Destruição corroendo tudo
Inconsequência e ganância
Envenenar todo ar e água que nos resta
O céu é puro gás - a morte breve
Futuro morto
Esgotar todas reservas possíveis
E eliminar tudo que vive
Toda fauna
Toda flora
O capital tem fome
Futuro morto
A raça humana
É um vírus
A pior peste
Que existiu (que existiu)
Consome tudo
Leva a morte
Destruição
Não há futuro
Destruição
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5. |
Espiral da miséria
02:54
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O espiral da miséria
Se alimenta de exclusão
Repetição dos sonhos roubados
E vidas esmagadas
Ciclo de violência
Tudo para poucos
Nada para todos
Buscar sempre ter
Jamais poder ser
Uma vida de privações
Sem casa, saúde e educação
O capital nos agride
Oferece tudo para quem não tem
Ciclo de violência
Tudo para poucos
Nada para todos
Buscar sempre ter
Jamais poder ser
Espiral da miséria
Alienar e excluir
Ciclo de violência
Tudo para poucos
Nada para todos
Buscar sempre ter
Jamais poder ser
Espiral da miséria
Um mar de pobres
Se mata por ossos
Da mesa farta
Caem os restos
Espiral da miséria
Aliena e exclui
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6. |
Necroestado
04:26
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Quem deve viver?
Quem deve matar?
Estado de extermínio
Necroestado
Subcidadão
Preferência para morrer
Jovem, preto e pobre
Necroestado
Capital gera morte
Idiotiza a razão
Eliminar os descartáveis
Matar para lucrar
Herdeiros da senzala
Na república da milícia
Capital belicista
Necroestado
Necroestado
Anti Humanidade
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7. |
Isolamento e asfixia
06:27
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Negar a razão é se fazer cego
Restou apenas a carcaça
Morreu só e isolado
Negou tudo
(Em) conspiração
Seguiu o líder
Primeira perdição
Disseminou falsa informação
Separou ciência e razão
Contaminou todos sem pudor
Assassino leal e sem alma.
Quando o ar faltou
Não havia ninguém
Isolado e só
Sem deus e sem o mito
Ninguém por ti
Morte solitária
Ninguém chorou
Foi esquecido
ALIENAÇÃO E CONFINAMENTO
O teto girou e tudo ao redor. Em seguida, ninguém ouviu o baque do corpo contra o piso. O telefone tocou e ninguém ouviu. Do lado de fora da janela, o cinza profundo da cidade se pronunciava com peso sobre toda paisagem. Moldando uma frieza de coração, germinada no medo que embaça as janelas solitárias.
O vizinho de cima deixou de sair com o cachorro. Já o debaixo, mudou-se com a esposa para um lugar qualquer. O pequeno prédio tornou-se um mausoléu. Um gaveteiro de corpos esquecidos entre móveis, contas empilhadas embaixo da porta, comida apodrecida na geladeira e animais de estimação que canibalizarão uns aos outros e morrerão depois de seus donos.
Pela rua, os desgraçados que ignoram o vírus circulam com máscaras abaixadas, em direção ao futuro incerto. Entre eles, os suicidas involuntários que tiveram de escolher entre sobreviver para matar a fome ou escapar da loteria mortífera da pandemia.
Alienação e confinamento
Todos tossem, escarram, respiram com dificuldade. O corpo tem febres, gritando através das dores que a solução venha logo.
O prédio, o bairro e todo entorno jaz num silêncio morto. Uma ausência das vidas. Vidas ceifadas pelo descaso e a opção de ofertar a morte aos pobres no atacado. Ambulâncias correm noite e dia, sem dar conta da demanda. Cemitérios abrem covas como se fosse tempo de guerra.
Uma campanha de difamação é movida em redes onde o raciocínio se restringiu a aceitar a realidade fictícia e abraçar o irreal como matéria.
Dentro do apartamento, tombado sobre o carpete, o ar não alimenta mais o corpo. Uma dor atroz toma conta de tudo, enquanto a escuridão, vai dominando os campos da visão periférica. A inflamação descontrolada, percorre nervos, pele, células, pondo a proteção do corpo como um veneno que mata o próprio.
Alguém agoniza, sentindo a falta de ar, mas também pelas decisões equivocadas. O ataque às vacinas. A descrença no sistema de saúde. O apoio irrestrito do genocida na cadeira de líder.
Ignorou os números e os cuidados. Desfez relações, apartando quem se importava como quem joga fora as peças descartáveis. Deixou-se alienar, ignorando tudo e contaminando outros milhares.
“A economia não pode parar”, falou o patrão que não precisava se expor. “Minha liberdade antes da máscara” disse outro sem saber que morreria semanas depois.
Mais de meio milhão de vidas não tiveram a chance de escolha. Não tiveram tempo para a vacina. E de uma forma ou de outra todos estamos morrendo. Por imprudência. Por descaso. Ou por projeto.
Alienação e confinamento
Da mesma maneira que o indivíduo é tomado pela falência de órgãos que vai matando o de dentro para fora, o corpo social padece. Os sistemas de saúde tornam-se sobrecarregados. A doença faz o corpo inimigo de si próprio. A sociedade se permitiu ficar inimiga da verdade e ficar mesquinha e irresponsável diante das consequências.
Quando a falência múltipla vence. A escuridão é completa. Ninguém chora por este. Ninguém sente falta. Não há lembranças ou choros de enlutados. Resta apenas o vazio dos confinados e ignorantes.
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ÁSPERØ São Paulo, Brazil
Formada em 2018, o Ásperø retrata diretamente o cotidiano amargo e sombrio de milhões. Composta por veteranos da cena hardcore, com passagens por Constrito, Live by the Fist, xEscurox, I Shot Cyrus, Fim do Silêncio e O Cúmplice, a banda mistura Hardcore e Death sem lógica convencional. Despeja berros e anomalias sociais causadas por políticas falhas, embaladas em duras bases, volume e barulho. ... more
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