We’ve updated our Terms of Use to reflect our new entity name and address. You can review the changes here.
We’ve updated our Terms of Use. You can review the changes here.

Aliena​ç​ã​o e Confinamento

by ÁSPERØ

/
  • Streaming + Download

    Includes high-quality download in MP3, FLAC and more. Paying supporters also get unlimited streaming via the free Bandcamp app.
    Purchasable with gift card

      name your price

     

1.
Jogado a margem Condenado a distância Acorda cedo - Dorme tarde Viver sem repouso Se moradia é privilégio Ocupar é direito Derrubar as grades Ocupar - Produzir Terra, teto e abrigo Direito universal Ocupar a cidade Vencer a gentrificação
2.
Servidão voluntária Entregue tudo  De forma espontânea O sistema sabe Do que você precisa Ser programado A consumir Trabalhe, ganhe Compre, gaste Veneno da mente Falsa necessidade Sirva Ao algoritmo Feliz  Na coleira
3.
O que você teme? Qual é o seu lugar? Qual postura é a sua? O que te faz um homem? O feminino te assusta? Ou descobrir seus desejos? Você não pode chorar? Você não pode falhar? Tóxico e frágil Frágil e tóxico Repensar sua condição Redefinir as relações Violência é fraqueza Brutalidade é insegurança Insegurança é fraqueza
4.
Vírus 03:02
Destruição corroendo tudo  Inconsequência e ganância Envenenar todo ar e água que nos resta O céu é puro gás - a morte breve Futuro morto Esgotar todas reservas possíveis E eliminar tudo que vive Toda fauna Toda flora O capital tem fome Futuro morto A raça humana É um vírus A pior peste  Que existiu (que existiu) Consome tudo  Leva a morte Destruição Não há futuro Destruição
5.
O espiral da miséria Se alimenta de exclusão Repetição dos sonhos roubados E vidas esmagadas Ciclo de violência Tudo para poucos Nada para todos Buscar sempre ter Jamais poder ser Uma vida de privações Sem casa, saúde e educação O capital nos agride Oferece tudo para quem não tem Ciclo de violência Tudo para poucos Nada para todos Buscar sempre ter Jamais poder ser Espiral da miséria Alienar e excluir Ciclo de violência Tudo para poucos Nada para todos Buscar sempre ter Jamais poder ser Espiral da miséria Um mar de pobres Se mata por ossos Da mesa farta Caem os restos Espiral da miséria Aliena e exclui
6.
Necroestado 04:26
Quem deve viver? Quem deve matar? Estado de extermínio  Necroestado Subcidadão Preferência para morrer Jovem, preto e pobre Necroestado Capital gera morte Idiotiza a razão Eliminar os descartáveis Matar para lucrar Herdeiros da senzala Na república da milícia Capital belicista Necroestado Necroestado Anti Humanidade
7.
Negar a razão é se fazer cego Restou apenas a carcaça Morreu só e isolado Negou tudo (Em) conspiração Seguiu o líder Primeira perdição Disseminou falsa informação Separou ciência e razão Contaminou todos sem pudor Assassino leal e sem alma. Quando o ar faltou Não havia ninguém Isolado e só Sem deus e sem o mito Ninguém por ti Morte solitária Ninguém chorou Foi esquecido ALIENAÇÃO E CONFINAMENTO O teto girou e tudo ao redor. Em seguida, ninguém ouviu o baque do corpo contra o piso. O telefone tocou e ninguém ouviu. Do lado de fora da janela, o cinza profundo da cidade se pronunciava com peso sobre toda paisagem. Moldando uma frieza de coração, germinada no medo que embaça as janelas solitárias. O vizinho de cima deixou de sair com  o cachorro. Já o debaixo, mudou-se com a esposa para um lugar qualquer. O pequeno prédio tornou-se um mausoléu. Um gaveteiro de corpos esquecidos entre móveis, contas empilhadas embaixo da porta, comida apodrecida na geladeira e animais de estimação que canibalizarão uns aos outros e morrerão depois de seus donos. Pela rua, os desgraçados que ignoram o vírus circulam com máscaras abaixadas, em direção ao futuro incerto. Entre eles, os suicidas involuntários que tiveram de escolher entre sobreviver para matar a fome ou escapar da loteria mortífera da pandemia. Alienação e confinamento Todos tossem, escarram, respiram com dificuldade. O corpo tem febres, gritando através das dores que a solução venha logo.  O prédio, o bairro e todo entorno jaz num silêncio morto. Uma ausência das vidas. Vidas ceifadas pelo descaso e a opção de ofertar a morte aos pobres no atacado. Ambulâncias correm noite e dia, sem dar conta da demanda. Cemitérios abrem covas como se fosse tempo de guerra. Uma campanha de difamação é movida em redes onde o raciocínio se restringiu a aceitar a realidade fictícia e abraçar o irreal como matéria.  Dentro do apartamento, tombado sobre o carpete, o ar não alimenta mais o corpo. Uma dor atroz toma conta de tudo, enquanto a escuridão, vai dominando os campos da visão periférica. A inflamação descontrolada, percorre nervos, pele, células, pondo a proteção do corpo como um veneno que mata o próprio. Alguém agoniza, sentindo a falta de ar, mas também pelas decisões equivocadas. O ataque às vacinas. A descrença no sistema de saúde. O apoio irrestrito do genocida na cadeira de líder.  Ignorou os números e os cuidados. Desfez relações, apartando quem se importava como quem joga fora as peças descartáveis. Deixou-se alienar, ignorando tudo e contaminando outros milhares. “A economia não pode parar”, falou o patrão que não precisava se expor. “Minha liberdade antes da máscara” disse outro sem saber que morreria semanas depois.  Mais de meio milhão de vidas não tiveram a chance de escolha. Não tiveram tempo para a vacina. E de uma forma ou de outra todos estamos morrendo. Por imprudência. Por descaso. Ou por projeto. Alienação e confinamento Da mesma maneira que o indivíduo é tomado pela falência de órgãos que vai matando o de dentro para fora, o corpo social padece. Os sistemas de saúde tornam-se sobrecarregados. A doença faz o corpo inimigo de si próprio. A sociedade se permitiu ficar inimiga da verdade e ficar mesquinha e irresponsável diante das consequências.  Quando a falência múltipla vence. A escuridão é completa. Ninguém chora por este. Ninguém sente falta. Não há lembranças ou choros de enlutados. Resta apenas o vazio dos confinados e ignorantes. 

about

Deformando tempo e mente, paradoxalmente, enxertaram o nada no espaço.

Uma lacuna encefálica ganhava tamanha força, que nela foram capazes de substituir o amanhã pelo inacabável hoje.
Para os que mal conseguiam ser, pouco sentiram o amargo do ter.

Esperanças ordinárias, certezas curtas, uma minguante perspectiva de vida padrão. Bem pouco, mas nosso.
Tão pouco, e ainda assim nos arrancaram desejo, ânsia, impulso, fervor e furor. Poliram o nosso vazio, sobrou o parvo reflexo dos inaptos, dos incapazes, dos maljeitosos… Ecoou a estupidez na imensidão temporal.

Não partir, não chegar, permanecer constante… Já começou o último dia e vai ser eterno, como se lembrássemos do futuro, esperando pelo passado, em meio ao consciente coletivo estéril.

Alienação e confinamento.

credits

released April 14, 2023

Gravado entre Maio e Dezembro de 2022 no Bay Area Estúdios por Diego Rocha. Produzido por Ásperø e Diego Rocha.

Lançado por My People Records e Monólito Massif Produções

Agradecemos aos nossos entes queridos, próximos e distantes, sobreviventes e aqueles que ocupam uma parte afetuosa de nossa memória. Esse conjunto de músicas foi feito ao longo do período pandêmico, enquanto existimos meramente como um grupo de comunicação instantânea, buscando sentido em um mundo que cada dia desaba mais. Foi um período castrado e cansativo, onde pudemos nos apoiar mais pelo sentimento do que pela arte que nos une. Isso faz do disco, um fruto claro e objetivo da raiva, frustração, expiação, angústia, insegurança, dor, medo, crença e esperança. Como tudo isso se encaixa? Não sabemos. O fazemos para sobreviver. Para gritar. Para pôr os demônios assassinos de almas para longe e sairmos vivos de uma crise que não acabou. O imperativo é viver. Se manter vivo, são e ativo mentalmente. Cuidar de si e dos nossos. Denunciar os canalhas. Lutar pela justiça. Falar a verdade. E manter o amor como uma arma contra o ódio.

license

all rights reserved

tags

about

ÁSPERØ São Paulo, Brazil

Formada em 2018, o Ásperø retrata diretamente o cotidiano amargo e sombrio de milhões.
 Composta por veteranos da cena hardcore, com passagens por Constrito, Live by the Fist, xEscurox, I Shot Cyrus, Fim do Silêncio e O Cúmplice, a banda mistura Hardcore e Death sem lógica convencional. Despeja berros e anomalias sociais causadas por políticas falhas, embaladas em duras bases, volume e barulho. ... more

contact / help

Contact ÁSPERØ

Streaming and
Download help

Report this album or account

If you like ÁSPERØ, you may also like: